segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Aos utopeus

"Louváveis esforços são feitos, sem dúvida, para ajudar a Humanidade a avançar; encorajam-se, estimulam-se, honram-se os bons sentimentos, hoje mais do que em qualquer outra época, e não obstante o verme devorador do egoísmo continua a ser a praga social. É um verdadeiro mal que se espalha por todo o mundo e do qual cada um é mais ou menos vítima. É necessário combatê-lo, portanto, como se combate uma epidemia. Para isso, deve-se proceder à maneira dos médicos: remontar à causa. Que se pesquisem em toda a estrutura da organização social desde a família até os povos, da choupana ao palácio, todas as causas, todas as influências patentes ou ocultas que excitam, entretêm e desenvolvem o sentimento do egoísmo. Uma vez conhecidas as causas o remédio se apresentará por si mesmo; só restará então combatê-las, senão a todas ao mesmo tempo, pelo menos por partes, e pouco a pouco o veneno será extirpado. A cura poderá ser prolongada porque as causas são numerosas, mas não é impossível de resto, não se chegará a esse ponto se não se atacar o mal pela raiz, ou seja, pela educação. Não essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. A educação, se for bem compreendida, será a chave do progresso geral, quando se conhecer a arte de manejar a arte dos caracteres como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á endireitá-los, da mesma maneira como se endireitam as plantas novas. Essa arte, porém, requer muito tato, muita experiência e uma profunda observação. É um grave erro acreditar que basta ter a ciência para aplicá-la de maneira proveitosa. Quem quer que observe, desde o instante do seu nascimento, o filho do rico como o do pobre, observando todas as influências perniciosas que agem sobre ele em consequência da fraqueza, da incúria e da ignorância dos que dirigem, e como em geral os meios empregados para moralizar fracassam, não pode admirar-se de encontrar no mundo tantas confusões. Que se faça pela moral tanto quanto se faz pela inteligência e ver-se-á que, se há naturezas refratárias, há também, em maior número do que se pensa, as que requerem apenas boa cultura para darem bons frutos.

"O homem quer ser feliz e esse sentimento está na sua própria natureza; eis porque ele trabalha sem cessar para melhorar a sua situação na Terra, e procura as causas de seus males para os remediar. Quando compreender bem que o egoísmo é uma dessas causas, aquela que engendra o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciume, dos quais a todo momento ele é vítima, que leva a perturbação a todas as relações sociais, provoca as dissensões, destrói a confiança, obrigado-o a se manter constantemente numa atitude de defesa em face do seu vizinho, e que, enfim, do amigo faz um inimigo, então ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua própria felicidade. Acrescentaremos que é incompatível com a sua própria segurança. Dessa maneira, quanto mais sofrer mais sentirá a necessidade de o combater, como combate a peste, os animais daninhos e todos os outros flagelos. A isso será solicitado pelo seu próprio interesse.

"O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se ele desejar assegurar a sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro."

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"esta geração é Marx + Coca-Cola"

a antiga sociedade forçava os indivíduos a andarem na linha através das sanções físicas e morais. a estratégia era destruir o sujeito física, psíquica e sócio-politicamente. com o tempo, viu-se que isso reforçava a coerência dos grupos sob a mesma opressão. o cúmulo da insatisfação é o estopim das transformações. a verdade histórico-natural é que a violência talha a consciência dos sujeitos e unifica. isso é constitutivo do processo de hominização da espécie: tivemos de abrir mão da cognição difusa do animal. a raiz da própria educação é a violência - ainda que a da aparentemente simples meritocracia escolar e do "faça o que a tia pediu" - contra a inteligência difusa da criança; forçando-nos à perenidade das gratificações como cães bem comportados, só assim se produz a unidade do sujeito.

extraia do homem a melhor parte de sua inteligência aberta a todos os acontecimentos do mundo, adapte o que sobrou às necessidades atuais abstratas da máquina.

na maior parte das pessoas, o processo é incompleto, e essa é sempre a nossa esperança de liberdade. hoje, porém, e desde que a opressão mais evidente (e, por isso, mais capaz de ser confronta) foi obscurecida, isso torna-se cada vez mais frágil. a incompletude do processo abarca também a oportunidade da socialização viciada. sob as políticas de integração, a verdade atual da máquina revela-se: neutralizar as diferenças sob o discurso de "todos são diferentes". se todos são diferentes, todos são absolutamente iguais e podem ser perfeitamente substituídos com respeito à sua posição na sociedade.

o homem: imprima-lhe o selo do autenticamente classificado, voilà.

enquanto todo o jogo social consiste em tentar subtrair-se a essa generalização do indivíduo como mera função social, fazendo passar por "peculiares" distinções que não são senão triviais - o gosto, a opinião, as tatuagens, os cabelos, a qualidade do cocô (tem gente que até se orgulha de ter tido uma doença rara?), quantos livros possui em casa -, então eu me deparo com uma passagem que assegura a anterioridade da posição social em relação à disponibilidade do indivíduo em relação a si, isto é, sujeito emancipado. um sujeito que amadurecesse em relação a si mesmo, que realmente fosse senhor de si e pudesse dispor de si próprio substancialmente, não precisaria sequer reafirmar sua condição de sujeito, uma vez realizada. a finalidade, da emancipação do indivíduo em relação à totalidade social, deve abolir o meio, da subjetivação.

autotimorúmeno, ou aquele que estupra a si mesmo - a sociedade abusa da sua própria menoridade ao colocar o sujeito antes do indivíduo e ao explorar a subjetivação abstrata a partir de categorias e códigos gerais de linguagem e comportamento e das modalidades de reconhecimento subsequentes, que vão desde os pequenos grupos de "sujeitos" com afinidades banais em sua vivência social à totalidade demasiado coerente da sociedade ocidental. sua variedade topológica é variância, não brota do que é variado, senão o que é variado é-o de antemão como ponto de fuga da opressão concreta.

claro que, no contexto, compreendo que certa camada e setores da população alimentem e reproduzam uma mentalidade regressiva com respeito às possibilidades do indivíduo-em-sociedade, perfeitamente. mas eu fui mesmo "ao ponto", no que eu quis dizer: num mundo que quer esvaziar todos os meus particulares e substituir aquilo que me posiciona como sujeito como uma mera questão de variação estatística, ao dizer que acima de tudo eu lhe pertenço, eu prefiro ser qualquer coisa, menos aceite por esse mundo. hoje, o único direito de ser um sujeito que não se dissolva no funcionamento social, que insuportavelmente exige a colaboração de todos para a dissolução de todas as vivências reais da inteligência de cada um de seus membros, está em negar tudo aquilo que vier antes ou acima da sua experiência.

tikkun olam é a restituição do mundo - abandonar o navio, não porque ele esteja afundando, mas para afundá-lo. a desgraça que se deve olhar nos olhos, a que constantemente me refiro, é este paroxismo: tudo é integrado pra ser destruído no íntimo, toda a vida particular declinou em protocolo, e o mundo todo vibra sua unidade fantasma. fantasma porque o homem de carne morreu sob a função cibernética contemporânea, morreu sob o nauta social.

eu poderia ser absolutamente qualquer coisa nessa vida, menos integrado. eu citaria Hegel até, ainda que mudando tão agressivamente o contexto: "A liberdade de expressão é assegurada pelo caráter inócuo que ela adquire como resultado da estabilidade do governo".

isto é Marx e Coca-Cola, mas é tudo o que temos. e a verdade débil, frouxa e emporcalhada pela coerção à integração, mas a única que nos ficou como esperança de dias em que não precisaremos nos apegar à troca protocolar de misérias.

eu quero a minha expressão como um grito de horror, mesmo que seja um grito de horror ao vazio que a todo instante tenta me devolver às suas entranhas. eu posso demonstrar que há mais vazio e morte em minha garganta carente de vida que em qualquer fantasma da vida morta.


Vinde cá, meu tão certo secretário
dos queixumes que sempre ando fazendo,
papel, com que a pena desafogo!
As sem-razões digamos que, vivendo,
me faz o inexorável e contrário
Destino, surdo a lágrimas e a rogo.
Deitemos água pouca em muito fogo;
acenda-se com gritos um tormento
que a todas as memórias seja estranho.
Digamos mal tamanho
a Deus, ao mundo, à gente e, enfim, ao vento,
a quem já muitas vezes o contei,
tanto debalde como o conto agora;
mas, já que para errores fui nascido,
vir este a ser um deles não duvido.
Que, pois já de acertar estou tão fora,
não me culpem também, se nisto errei.
Sequer este refúgio só terei:
falar e errar sem culpa, livremente.
Triste quem de tão pouco está contente!
Já me desenganei que de queixar-me
não se alcança remédio; mas, quem pena,
forçado lhe é gritar, se a dor é grande.
- Camões


domingo, 6 de novembro de 2011

"Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. mas a ela deve obedecer. Chamando-o sempre a amar e praticar o bem e evitar o mal, no momento oportuno a voz desta lei lhe faz ressoar nos ouvidos do coração: 'Faze isto, evita aquilo'. De fato, o homem tem uma lei escrita por Deus em seu coração. Obedecer a ela é a própria dignidade do homem, que será julgado de acordo com essa lei. A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está a sós com Deus e onde ressoa a voz de Deus"

Mateus 6:1-34

- Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.
- Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
- Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita;
- Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente.
- E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
- Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
- E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos
- Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
- Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;
E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.
- Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;
- Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
- E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
- Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto,
- Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
- Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
- Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
- Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz;
- Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!
- Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
- Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?
- Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
- E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
- E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;
- E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
- Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
- Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
- (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
- Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
- Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.


Não existe amor em SP

Não existe amor em SP
Um labirinto mistico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever
Numa linda frase
De um postal tão doce
Cuidado com doce
São Paulo é um buquê
Buquês são flores mortas
Num lindo arranjo
Arranjo lindo feito pra você

Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida
E morra afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu

Não precisa morrer pra ver Deus
Não precisa sofrer
Pra saber o que é melhor pra você
Encontro duas nuvens em cada escombro, em cada esquina
Me dê um gole de vida
Não precisa morrer pra ver Deus

Criôlo - Album nó na Orelha

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A mais bela canção que fiz

Os mais belos sonhos teus
uma canção me fascina
terra, sol uma conquista
Nos meus ombros uma canção para amar

Teus belos olhos, tua boca é
a gota doce o mel então
O seu sorriso me leva a crer
Uma bela canção que fiz para você(uma canção que fiz para você)

Dorme bem seus sonhos
acorda vive um belo dia
a vida toda procurei você
uma bela canção que fiz para você (uma canção que fiz para você)

O tempo em que dormes eu a sonho
Meu tempo todo vejo só seus olhos

Uma bela canção que fiz para você (uma canção que fiz para você)

Olhando profundamente em seu rosto
vou encantar seus lábios
soar o que puder

Terei todo o tempo do mundo
eu vou canta nos seus ouvidos bem pertinho
segurando a sua mão

Uma bela canção que fiz para você (uma canção que fiz para você)
Uma bela canção que fiz para você (uma canção que fiz para você)
Uma bela canção que fiz para você (uma canção que fiz para você).

Junior Cronos

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Mito da Caverna

Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.

Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.

Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e avance na direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.

Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos - desde o simples ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomaram por louco e inventor de mentiras.

Platão não buscava as verdadeiras essências na simplesmente Phýsis, como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a essência das coisas para além do mundo sensível. E o personagem da caverna que, caso se liberte, como Sócrates, correria o risco de ser morto por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente. Transpondo para a nossa realidade, é como se você acreditasse, desde que nasceu, que o mundo é de determinado modo, e então vem alguém e diz que quase tudo aquilo é falso, é parcial, e tenta te mostrar novos conceitos, totalmente diferentes. Foi justamente por razões como essa que Sócrates foi morto pelos cidadãos de Atenas, inspirando Platão à escrita da Alegoria da Caverna pela qual Platão nos convida aimaginar que as coisas se passassem, na existência humana, comparavelmente à situação da caverna: ilusoriamente, com os homens acorrentados a falsas crenças, preconceitos, ideias enganosas e, por isso tudo, inertes em suas poucas possibilidades.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_da_caverna

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A teoria

A teoria mais aceita para a origem do universo é a do Big Bang que diz que tudo se iniciou numa grande expansão. Nos primeiros instantes o universo não era constituído por matéria, mas sim por energia sob forma de radiação. O universo então passou a expandir-se e, consequentemente, a arrefecer. Pares de partícula-antipartícula eram criados e aniquilados em grande quantidade. Com a queda de temperatura a matéria pôde começar a formar hádrons, assim como a antimatéria a formar antihádrons, pois matéria e antimatéria foram geradas em quantidades iguais. Atualmente, no entanto, parece que vivemos em um universo onde só há matéria.

Na realidade, já é estranho que o universo exista, pois, quando a matéria e a antimatéria se encontram, o processo inverso da criação ocorre, ou seja, elas anulam-se gerando apenas energia nesse processo. Seria altamente provável, portanto, que logo após terem sido criadas, partículas e antipartículas se anulassem, impedindo que corpos mais complexos como hádrons, átomos, moléculas, minerais e seres vivos pudessem formar-se. Acredita-se que esse processo de geração e aniquilação realmente ocorreu para quase toda a matéria criada durante o início da expansão do universo, mas o simples fato de existirmos indica que ao menos uma pequena fração de matéria escapou a esse extermínio precoce.

É possível que algum processo, de origem desconhecida, tenha provocado uma separação entre a matéria e a antimatéria. Neste caso existiriam regiões do universo em que a antimatéria e não a matéria seria mais abundante. Planejam-se algumas experiências no espaço para procurar essas regiões. No entanto, como até hoje não se conhece um processo capaz de gerar tal separação, a maioria dos cientistas não acredita nessa hipótese.

Por outro lado, existe a possibilidade de que a natureza trate de forma ligeiramente diferente a matéria e a antimatéria. Se isto for verdade, seria possível que uma pequena fração da matéria inicialmente gerada tenha sobrevivido e formado o universo conhecido hoje. Há resultados experimentais e teóricos que apontam nesta direção.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Antimat%C3%A9ria

sábado, 15 de outubro de 2011

dois anos, quatro meses e 10 dias.

é triste saber que algo termina.

mesmo que se espere por este momento, nunca se está pronto realmente para enfrentá-lo. o medo existe, e ele nos traz fraqueza; nos entregamos a esse sentimento ilusório pensando que não há qualquer esperança de vencer. é assim que o ser humano vive, é assim que nossos filhos aprendem. aprendemos a ter medo. porque é algo natural, da carne, que nos suga e não nos deixa seguir. é o tal túnel que, mesmo mostrando luz em seu fim, nos atordoa com uma escuridão que parece ser maior daquilo que a saída oferece. um túnel desiluminado, cuja a trajetória é dada apenas por um ponto de luz - o objetivo (quase que morto, pois parece estar longe); assim, quando se vê essa luz, sendo rodeada de trevas, a saída para um mundo verdadeiramente Belo não consegue mostrar sua imagem Real; paramos de andar, pela admiração negativa que o escuro impõe; o final parece abstrato: "será?". - abstrato demais. e não caminhando, o espírito se mantém na espectativa de saber o além, a realidade, na ânsia de entender o que se encontra "do lado de lá", porém sem juntar força necessária para continuar seguindo em direção à luz. o medo faz isso conosco - nos envolve em trevas. ficamos imóveis, mortos, sem sequer pensar em andar.

mas a esperança existe; o caminho foi dado, e a luz nos chama. a cada passo em direção à saída, vê-se mais que um mero brilho - a imagem do lado de fora começa a ser nítida, ela se mostra. o novo mundo aparece. mesmo que ainda pequeno, porém com grande promessa: existe algo além. o que era trevas está claro. é possível ver mais do que antes. a liberdade está na sua frente. a vitória. um passo avante, uma conquista. o medo se foi com a presença da força - força, se não nossa, da parte de lá, do mundo de fora. nesse momento, já não se olha para trás, nem existe preguiça. vc cresceu. o medo se foi.

não existe coisa melhor do que o gosto do começo.

- sempre sentirei saudade, não posso mentir.

Piedade sem piedade

Piedade sem piedade

Quando estamos em desvantagem
nos acolhemos com nossa humilhação.
Com os olhos fechados imaginamos
o que seria de melhor para enfrentar isto?

é uma ingratidão enorme não acreditarmos em si.

Temos medo de tudo que nos faz mal.
De um mundo que se mergulha em culturas
com informações diferentes no qual confundimos.

A perfeição toda vez foi feia, não é o que vemos mas o que queremos.

Oferecendo juras ao infeliz. A verdade é injusta para se reconhecer o erro.


Mas o que é justiça para quem ganha?
Mas o que é justiça para quem perde?
A justiça ganha pelo mal é justiça?
A justiça perdida pelo bem é injustiça?

Pena aos males alheios significado da piedade.
Os olhos fechados às vezes para palavras
de piedades são riscos sem volta.

Terminamos em paz graça ao esforço do nosso tempo
quanto mais acreditamos mais reconhecemos que somos fortes
e conseguimos o que queremos. Nossa piedade.

Mentira!!! Que a confiança era verdade.
Suicídios de palavras que o sentimento de inveja
levou consigo suas esperanças.
Morra e não consigas renascer
sentido de vida adolescente.

Surda e abominável criança desfeita pela ocasião mundana
ficar em ilusão e definições contrarias a suas ações.
Quando estarás bem consigo para ressaltar sua vida?
Não, deste modo que eu merecia ou não.
Foste infâme para com ti verme decadente e insuportável.

Estarás ruim sempre porque não enxergas a realidade.
Insuportável ser decadente.

-Junior Cronos - 19 de junho 2004/ 11 de fevereiro 2006/16 de abril de 2006/24 de Julho 2007

Fugindo do assunto.O que é a matéria?

O que é a matéria?

Por Proteus IV

Essa é uma das perguntas que atormentam os pensadores ao longo dos séculos, então os americanos propuseram uma frase bem-humorada que expressa bem o estado das coisas: “Matter is the stuff of the Universe” (A matéria é o recheio do Universo).

Mas e do ponto de vista científico? Afinal, a humanidade caminhou na Lua e criou computadores que fazem cálculos tão rápidos que nos deixam atordoados com a velocidade. Já clonamos mamíferos, sabemos como vaporizar cidades inteiras com uma bomba de hidrogênio, ou seja, um verdadeiro Lúcifer tecnológico. Mesmo assim, nos deparamos com a pergunta que cala...

O que é matéria?

Vamos viajar... Nas locadoras, num canto esquecido, ainda podemos encontrar episódios da famosa série “Cosmos”, criada pelo agora saudoso Carl Sagan. Num dos episódios, Sagan comenta sobre a noção de átomo tomando como recurso de linguagem uma alegoria semelhante a esta:

“Suponha que tomemos esta maçã e, com uma faca que possa cortar tão fino quanto quisermos, a partimos ao meio. Depois, tomemos uma das metades e cortemos novamente ao meio. Assim, sucessivamente, vai surgir um momento em que não poderemos cortar mais... Chegamos ao átomo da maçã! Assim devem ter pensado Leucipo, Demócrito...”

Sim! Os gregos clássicos, apesar de escravocratas, dedicavam seu full time à arte de pensar. Até hoje, nomes como Pitágoras, Anaxágoras, Demócrito e Leucipo parecem gigantes a nos olhar por cima. Eles foram os primeiros a pensar na nossa pergunta “O que é a matéria ?”, além da teoria dos quatro elementos. Também conseguiram através do pensamento puro chegar à noção de átomo ( = indivisível) como o bloco elementar de construção da matéria!

Exatamente, eles propuseram uma resposta: a matéria é composta de blocos elementares. Tudo é feito de átomos, tudo isso muitos séculos antes de Nosso Senhor Jesus Cristo. Voltando nossos olhos para o rio do tempo, vemos parte da humanidade mergulhar em séculos de obscurantismo intelectual: a idade média (também conhecida por alguns historiadores extremistas como a idade das trevas!).

As investigações intelectuais sobre o que nós chamamos hoje de física ficam adormecidas num sonho secular e voltam à vida nas figuras do Renascimento Europeu com Leonardo da Vinci, um dos polímatas mais famosos do mundo ocidental.

Século XVII: o gênio de Sir Isaac Newton assombra o mundo com o seu famosíssimo “Princípia”. Newton finalmente consegue com que o mundo ocidental perca o complexo de inferioridade perante os gregos clássicos. E o lance da matéria?

Calma, sô! Eu chego lá!

Mesmo com Newton, as investigações sobre a intimidade microscópica não renascem, apesar de ele ter sido um obcecado pelo problema e ter enlouquecido com o envenenamento por chumbo (era um alquimista e provava todas as misturas que fazia...).

Século XVIII: finalmente, um químico inglês chamado John Dalton retoma o problema e propõe o seguinte modelo: átomos são pequeninas esferas maciças, indestrutíveis, que são os componentes, os blocos elementares de tudo o que vemos à nossa volta.

No mesmo século, Thompson é mais radical e diz que os átomos são feitos de uma massa compacta e, com pequenas partículas grudadas, os elétrons. Esse é o chamado modelo do pudim de passas de Thompson.

Neste mesmo século, Mendeleiev publica sua famosa tabela periódica dos elementos. Agora os “blocos elementares” (os átomos!) já começam a preencher uma tabela... Hehehe!

Século XX: o viciado em ópio Rutherford (com as bênçãos de sua Majestade, como diziam os Sex Pistols, “God save the queennn”...), através de uma longa seqüência de experiências afirma que o átomo é como um sistema planetário em miniatura, com um núcleo pesado ao centro e os elétrons girando ao seu redor.

Década de 20: os gênios Erwin Schroedinguer e Heisenberg “desmaterializam” a matéria. Os átomos são entidades duais. São ao mesmo tempo partícula e onda, a equação matemática que descreve a matéria é uma entidade altamente não intuitiva (as equações de onda de Schoroedinguer e a álgebra de operadores de Heisenberg). Coisas estranhas ocorrem no abismo dimensional quântico: tunelamento, teletransporte (efeito EPR), condensado de Bose Einstein. A equação de Paul Adrien Maurice Dirac diz que existe a antimatéria!

Avancemos mais ainda... Americanos começam a construir os chamados “aceleradores” de partículas. Nessas máquinas, partículas são aceleradas a velocidades próximas à da luz até se chocarem liberando um show pirotécnico. E, desse show, surge um zoológico de partículas!

Os componentes do átomo, que já eram muitos no mundo de Mendeleiev, agora se despedaça mostrando novas estruturas inesperadas. Essas estruturas também formam novas tabelas: mésons, neutrinos, lambdas...

E hoje, mesmo com o modelo dos quarks (o átomo “fashion”), a tabela ainda permanece, isso sem contar com as tentativas de unir gravitação e mecânica quântica. Mas essa é uma outra história.

E agora? O que é a matéria? Diante de tudo isso, a frase mais humilde e sincera que eu conheço veio do venerável José Leite Lopes (um exilado do período militar que trabalha até hoje na França), numa palestra sobre física fundamental:

“O que é a matéria, professor?” (aluno) “Meu filho, sinceramente, eu não sei!” (José Leite Lopes)

Proteus_IV | http://www.geek.com.br/modules/secoes/ver.php?id=235&sec=58

Que horas são?

São meus olhos em pleno céu.
cinzas pálidas das nuvens,
ventos escorregando entre meus dedos.

Tempos em números jogos frustrantes,
Depressões incoerentes, alegrias translúcidas.

Sinceramente, o que devo escrever no momento em que os ponteiros
correm para chegar no mesmo momento, 12 horas depois...

Aflição? um gole de café... que horas são?

Lord Cronos - Dezembro de 2008

Distropya live to the (fucking) World

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Justiça e direitos naturais

873. O sentimento da justiça está em a Natureza, ou é resultado de idéias adquiridas?

“Está de tal modo em a Natureza, que vos revoltais à simples idéia de uma injustiça. É fora de dúvida que o progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não o dá. Deus o pôs no coração do homem. Daí vem que, freqüentemente, em homens simples e incultos se vos deparam noções mais exatas da justiça do que nos que possuem grande cabedal de saber.”

874. Sendo a justiça uma lei da Natureza, como se explica que os homens a entendam de modos tão diferentes, considerando uns justo o que a outros parece injusto?

“É porque a esse sentimento se misturam paixões que o alteram, como sucede à maior parte dos outros sentimentos naturais, fazendo que os homens vejam as coisas por um prisma falso.”

875. Como se pode definir a justiça?

“A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais.”

a) - Que é o que determina esses direitos?

“Duas coisas: a lei humana e a lei natural. Tendo os homens formulado leis apropriadas a seus costumes e caracteres, elas estabeleceram direitos mutáveis com o progresso das luzes. Vede se hoje as vossas leis, aliás imperfeitas, consagram os mesmos direitos que as da Idade Média. Entretanto, esses direitos antiquados, que agora se vos afiguram monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. Nem sempre, pois, é acorde com a justiça o direito que os homens prescrevem. Demais, este direito regula apenas algumas relações sociais, quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência.”

876. Posto de parte o direito que a lei humana consagra, qual a base da justiça, segundo a lei natural?

“Disse o Cristo: Queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo. No coração do homem imprimiu Deus a regra da verdadeira justiça, fazendo que cada um deseje ver respeitados os seus direitos. Na incerteza de como deva proceder com o seu semelhante, em dada circunstância, trate o homem de saber como quereria que com ele procedessem, em circunstância idêntica. Guia mais seguro do que a própria consciência não lhe podia Deus haver dado.”

Efetivamente, o critério da verdadeira justiça está em querer cada um para os outros o que para si mesmo quereria e não em querer para si o que quereria para os outros, o que absolutamente não é a mesma coisa. Não sendo natural que haja quem deseje o mal para si, desde que cada um tome por modelo o seu desejo pessoal, é evidente que nunca ninguém desejará para o seu semelhante senão o bem. Em todos os tempos e sob o império de todas as crenças, sempre o homem se esforçou para que prevalecesse o seu direito pessoal. A sublimidade da religião cristã está em que ela tomou o direito pessoal por base do direito do próximo.

877. Da necessidade que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações especiais?

“Certo e a primeira de todas é a de respeitar os direitos de seus semelhante. Aquele que respeitar esses direitos procederá sempre com justiça. Em o vosso mundo, porque a maioria dos homens não pratica a lei de justiça, cada um usa de represálias. Essa a causa da perturbação e da confusão em que vivem as sociedades humanas. A vida social outorga direitos e impões deveres recíprocos.”

878. Podendo o homem enganar-se quanto à extensão do seu direito, que é o que lhe fará conhecer o limite desse direito?

“O limite do direito que, com relação a si mesmo, reconhecer ao seu semelhante, em idênticas circunstâncias e reciprocamente.”

a) - Mas, se cada um atribuir a si mesmo direitos iguais aos de seu semelhante, que virá a ser da subordinação aos superiores? Não será isso a anarquia de todos os poderes?

“Os direitos naturais são os mesmos para todos os homens, desde os de condição mais humilde até os de posição mais elevada. Deus não fez uns de limo mais puro do que o de que se serviu para fazer os outros, e todos, aos Seus olhos, são iguais. Esses direitos são eternos. Os que o homem estabeleceu perecem com as suas instituições. Demais, cada um sente bem a sua força ou a sua fraqueza e saberá sempre ter uma certa deferência para com os que o mereçam por suas virtudes e sabedoria. É importante acentuar isto, para que os que se julgam superiores conheçam seus deveres, a fim de merecer essas deferências. A subordinação não se achará comprometida, quando a autoridade for deferida à sabedoria.”

879. Qual seria o caráter do homem que praticasse a justiça em toda a sua pureza?

“O do verdadeiro justo, a exemplo de Jesus, porquanto praticaria também o amor do próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça.”

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

UTOPIA

meu reino não é deste mundo.
é do próximo.

nem à esquerda, nem à direita
em frente

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

– Se houvesse demônios, seriam obra de Deus.

"A palavra demônio nos dias atuais significa e nos dá idéia de mau Espírito, porém a palavra grega daimôn, de onde se origina, significa gênio, inteligência, e se emprega para designar seres incorpóreos, bons ou maus, sem distinção.

"Os demônios, conforme o significado comum da palavra, supõem seres malvados por natureza, na sua essência. Seriam, como todas as coisas, criação de Deus. Assim sendo, Deus, soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres predispostos, por sua natureza, ao mal e condenados por toda a eternidade. Se não fossem obra de Deus, seriam, forçosamente, como ele, de toda a eternidade, ou então haveria muitos poderes soberanos.

"A primeira condição de toda doutrina é a de ser lógica. A doutrina dos demônios, cuidadosa e severamente analisada, peca por essa base essencial. Pode-se compreendê-la na crença dos povos atrasados que, por não conhecerem os atributos de Deus, crêem em divindades maldosas e em demônios. Mas, para todo aquele que faz da bondade de Deus um atributo por excelência, é ilógico e contraditório supor que Deus pudesse criar seres voltados ao mal e destinados a praticá-lo perpetuamente, porque isso é negar Sua bondade. Os partidários do demônio se apóiam nas palavras do Cristo. E com toda certeza não contestaremos aqui a autoridade de Seu ensinamento, que gostaríamos de ver mais no coração do que na boca dos homens. Mas os partidários dessa idéia estarão certos do significado que o Cristo dava à palavra demônio? Já não sabemos que a forma alegórica é a maneira usual de Sua linguagem? Tudo que é dito no Evangelho deve ser tomado ao pé da letra? Não precisamos de outra prova mais evidente além desta passagem:

"'Logo após esses dias de aflição, o Sol se escurecerá e a Lua não mais iluminará, as estrelas cairão do céu e as forças do céu serão abaladas. Eu vos digo em verdade que esta geração não passará sem que todas essas coisas sejam cumpridas.'

"Não vimos a forma do texto bíblico ser contestada pela ciência no que se refere à Criação e ao movimento da Terra? Não se dará o mesmo com certas figuras empregadas pelo Cristo, tendo que falar em conformidade com os tempos e os lugares? O Cristo não poderia dizer, conscientemente, uma falsidade; se, então, em suas palavras há coisas que parecem chocar a razão, é porque não as compreendemos ou as interpretamos mal.

"Os homens fizeram com os demônios o que fizeram com os anjos. Da mesma forma que acreditaram na existência de seres perfeitos desde toda a eternidade, tomaram também por comparação os Espíritos inferiores como seres perpetuamente maus. Pela palavra demônio devem-se entender Espíritos impuros que, muitas vezes, não são nada melhores do que o nome já diz, mas com a diferença de que seu estado é apenas transitório. Esses são os Espíritos imperfeitos que se revoltam contra as provas que sofrem e, por isso, as sofrem por um tempo mais longo; porém, chegarão a se libertar e sair dessa situação quando tiverem vontade. Podemos, portanto, compreender a palavra demônio com essa restrição. Mas, como se entende agora, com um sentido peculiar e muito próprio, ela induziria ao erro, fazendo acreditar na existência de seres especialmente criados para o mal.

"Com relação a Satanás, é evidentemente a personificação do mal sob uma forma alegórica, porque não se poderia admitir um ser mau lutando em igualdade de poder com a Divindade e cuja única preocupação seria a de contrariar seus desígnios. Como o homem precisa de figuras e imagens para impressionar sua imaginação, o próprio homem pintou seres incorpóreos sob uma forma material, com os atributos que lembram as qualidades e os defeitos humanos. É assim que os antigos, querendo personificar o Tempo, pintaram-no na figura de um velho com uma foice e uma ampulheta. A figura de um jovem para essa alegoria seria um contra-senso. Ocorre o mesmo com as alegorias da fortuna, da verdade, etc. Modernamente os anjos ou Espíritos puros são representados numa figura radiosa, com asas brancas, símbolo da pureza; Satanás com chifres, garras e os atributos da animalidade, emblema das paixões inferiores. O povo, que toma as coisas ao pé da letra, viu nesses emblemas individualidades reais, como antigamente viu Saturno na alegoria do Tempo."

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

74. Pode estabelecer-se uma linha de separação entre o instinto e a inteligência, isto é, precisar onde um acaba e começa a outra?

“Não, porque muitas vezes se confundem. Mas, muito bem se podem distinguir os atos que decorrem do instinto dos que são da inteligência.”

75. É acertado dizer-se que as faculdades instintivas diminuem à medida que crescem as intelectuais?

“Não; o instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia.”

a) - Por que nem sempre é guia infalível a razão?

“Seria infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livrearbítrio.”

quinta-feira, 28 de julho de 2011

nozes

de que adianta começar,
se nem tem quem queira terminar?
não seria melhor nem vagar pelos meus pensamentos mais perdidos,
de onde tiro todas as ansias escondidas,
que me maltratam noite adentro;
nem adianta!
nem adianta, nada!
mas enfim,
o que seria começar...
se não esperar pelo fim
que já se espera?
é como um caminho ao início,
inútil e doloroso,
sem sabor,
cheio de mágoa e rancoroso,
que só vai, então, mostrar o que já sei;
uma música.
não palavras...
não letras...
uma música.
mas, pra você,
A música.
pois não dá pra expressar minhas certezas de outra forma,
- nem assim espero -
pois palavras nos enganam
enquanto a música, que soa, move mais do que a sombra,
alcança mais do que devia.
e, no fim...
nem comece
- pois já terminei.


Atos e Ozz
"Amor só vale a pena se for eterno ou eterno enquanto dure já está valendo?
E se eu quiser me amar primeiro desfrutando somente o prazer carnal?
Será que é errado a busca pelos desejos ou é mais errado senti-los e aprisiona-los dentro de regras impostas por uma sociedade?"

Liva Foppa

O que fizeram de nós

Sorrir pra disfarçar
Sofrer e não chorar
Querer, sem levantar
Dizer e não falar
Desajeitado, desamparado
Angustiado, por não entender

Dormir pra acordar
Benzer pra não pecar
Andar sem refletir
Tentar sem conseguir
Desajeitado, desamparado
Angustiado, por não entender

É tão fácil arruinar nossas vidas
Na feira, botar pra vender
Jogar nossos sonhos pros ares
‘que tem que morrer
É tão fácil viver em receios
Sem luz, nessa embriaguez
Um malte bem seco e sem gosto
Mostrando o desgosto que é (se foder) se perder

Tenho fome de dinheiro pra poder comer
Terra seca, gota d’água não quer mais chover

Desiludo em canções sem prazer
Meu anseio é tentar refazer
O que nunca tentou ser desfeito
Pensar no direito de poder vencer
Nossos olhos pra sempre molhados
Esvaindo o que faz perecer
Relembrar o que era passado
O que foi consumado, tentar reviver (- me faz renascer)

Tenho fome de dinheiro pra poder comer
Terra seca, gota d’água não quer mais chover

Sorrir pra disfarçar
Sofrer e não chorar
Querer, sem levantar
Dizer e não falar

terça-feira, 26 de julho de 2011

O outro

Tenho me perguntado sobre o que seria a minha missão. Sobre o que é que devo fazer e se estou pronto para isso.

Sair do lugar sempre me pareceu relativo, tendo em vista que mesmo eu acredito não ter andado um passo nesses últimos anos. Relativo. Acredito que, apesar de aparentar distante e parado, sendo indiferente a certas coisas que estão ao redor, estou sempre conectando pensamentos alheios à Verdade que me segue de muito tempo. Sempre pensando e pensando, chegando a conclusões que, em suma, tem me feito perder certo tempo em relação à humanidade.

Besteira.

Besteira pensar que sequer andei avante ou não tive até hoje um foco. Isso é a maior besteira que qualquer um pode acreditar. Não é divino – é uma fraude. Porque, afinal, tantas preocupações minhas em relação àquilo que É tem me levado a algum lugar, e acredito que esse lugar tem chegado cada vez mais perto e se fazendo claro a cada passo não dado. O que quero dizer é que, como meu pai costuma dizer, sou relaxado pra caralho, mostrando aos da Terra que pareço não estar andando.

Realmente, não os acompanho e nem faço questão de acompanha-los. Se acharem que não tenho crescido, é pura besteira simplesmente por não terem me acompanhado ou não terem acreditado no meu crescimento moral – na moral do Cristo –, ou sequer na minha capacidade de entender o que vivo/vivem e o que sinto/sentem. Meus valores são outros, e não parecem entender isso. Tenho aprendido a ser cristão, verdadeiramente, e ignorado o que dizem ser o certo.

Pff, o certo.


Queria poder negar o que me obrigam a fazer, porque, sinceramente, isso não é relevante.


Acredito que isso possa responder as minhas indagações – pelo menos um dia...

quinta-feira, 9 de junho de 2011

À Paloma

Bem...

Não te culpo por pensar daquele jeito - não tenho que te culpar por nada -, mas existe uma diferença entre o que chamam de respeito e o que é respeito de fato. conviver (não ficar longe, mas CONVIVER) com pessoas diferentes é um dos maiores sinais de respeito - ou o maior, sei lá - que alguém pode mostrar. O que eu digo é que, da mesma forma que vc é crente - e eu respeito (de verdade, apesar de não concordar) a sua decisão, sua crença, whateveryoucallit -, eu uso 'drogas'. Não encho o meu peito de orgulho pra dizer isso - orgulho é coisa do ego, é vaidade, e viver o ego é uma coisa que tenho aprendido a não fazer -, mas é fato e não tem pra que esconder isso de amigos.

Falando sobre o ocorrido, vamos ver dessa forma: imagine que eu não gosto dos crentes e as coisas que eles pregam, mas digo que te respeito; olho pra eles, falo com eles, mas, no final, acabo me afastando quando essas pessoas falam sobre o cristo da maneira que, pra mim, é absurda... por não gostar. Até então, atura-se; quando o crente enxerga que me afasto dele por ele ter certa crença, o que ele pensaria? Respeito? Muito provavelmente não. Ele, nesse momento, saberia que isso não é respeito - muito menos amizade. Ofenderia o crente? Claro que sim.

Conversei com um amigo, durante uma cervejinha, sobre a questão do respeito. Pra ser mais preciso, respeito e indiferença era o tópico; quando se diz que alguém respeita, o que se vê - na verdade, no entendimento que a palavra nos dá - é o tipo de pessoa que se distancia daquilo, ou seja, "na casa dos outros, tudo bem; de baixo do meu teto, nunca". Seria, então, a indiferença o verdadeiro respeito; primeiramente sabe-se que o outro tem as atitudes dele e você as suas. sendo nós - cristãos - desprovidos de julgamentos e valores, o fato de "acontecer na casa do outro ou em nossa casa" é a mesma coisa - não digo que é "certo" ou "errado", entenda bonitinho.

Em suma, o que quero dizer é que muitas vezes a gente, por mais que não perceba, julga através de nossas ações. Não é preciso se preocupar em ficar longe ou perto de mim ou de outro só porque nós andamos e fazemos coisas diferente de você. Quando disse "ofensa", foi mais por esse lado mesmo, de que "não se evita o mal correndo dele"; senti por isso, mas vi que não era algo absurdo - por isso esse texto. Lembre-se que, enquanto todos excluíam os leprosos, Cristo andava no meio deles. Não se afaste das pessoas.

Onde há valores, há julgamento; onde há julgamento, há ego; onde há ego, há pecado.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sobre o Ser e a Verdade

"Visto que só podemos pensar aquilo que é, e que somente o que é, é o que faz parte da realidade, apenas a realidade, nesse sentido, é tomada como verdade. Ora, a verdade para ser não pode ter vindo-a-ser, mas sempre existido, sendo o real imutável e permanente.

Parmênides fala de duas vias, onde apenas uma constitui a via verdadeira. Somente a partir desta única via verdadeira é que se pode chegar à concepção de ser como realidade última e absoluta; 'uma via abandonar, impensável, inominável, pois verdadeira via não é, e sim a outra, de modo a se encontrar e ser real'.

Portanto, fica claro que a concepção de verdade em Parmênides está intimamente relacionada com a concepção de ser (realidade absoluta), de modo que não é possível pensar a realidade senão sob a jurisdição da única via. 'Neste ponto encerro fidedigna palavra e pensamento sobre a verdade'."

quinta-feira, 17 de março de 2011

Dicotomia

Encontro-me perdido entre o fogo do inferno de Júpiter e a beleza do céu de Saturno. Facto.

segunda-feira, 7 de março de 2011

amado

disseram que eu esqueci do amor;
será que não amo ou será que finjo não amar?









Atos

quinta-feira, 3 de março de 2011

Na madrugada..

quero começar dizendo que isso não é um lamento;

mas assim como as nuvens se aglomeram no céu e se perdem como chuva de inverno, e tudo se dissolve, renovando seu espírito, pronto para se tornar chuva novamente no amanhecer de outro dia, assim nossas memórias nos constrói cegos o suficiente para cair nas mesmas armadilhas que surgiram ontem;

a droga, que te faz esquecer dos seus pés e te deixa voar por caminhos que sem ela não existiriam, nos torna escravos dos mais tolos acontecimentos, dando importância de mais ao universo e importância de menos a um grão de mostarda;

nos perdemos infinitas vezes em caminhos que nos levam apenas aos lamentos, como um labirinto criado pela nossa ignorância;

não, não há tristeza nisso.. pois triste é um cigarro apagar antes do dono.



Atos